"Espero que fiquem todos muito bem... Vou arejar uns dias nas Baleares e virei ver-vos quando voltar. Tudo de bom."
(Para ver e ouvir este clip, devem antes fazer disable da música de fundo na barra lateral. Depois fazer start no clip. t-y.)
Um dia destes tive que me deslocar pela primeira vez a um lugar que sempre desejei conhecer, até por ouvir falar mas nunca se teria proporcionado a visita.
Nesse dia era mesmo só de passagem mas, tive que reparar na paisagem ambiente e algo me disse que gostava de voltar ali, saber coisas daquele lugar, onde existe uma mina como esta no Lousal , há sempre além do normal dia a dia duma comunidade mineira, histórias que se esvaem no tempo. Umas boas outras menos boas, diria mesmo más...
Ao aproximarmo-nos da pequena aldeia, depois de deixar a estrada em Ermidas Sado, nota-se que o acesso já é mais frágil, a dizer que por ali já se cheira o micro clima dum lugar íngreme e agreste, como são todos os lugares em que a vida se centra numa mina, seja ela do que for .
A aproximação mostra-nos passados estes anos desde 1988 data em que as minas foram encerradas definitivamente, um ar pesado, as edificações ao longe parecem-nos fantasmas que não se podem esconder a ninguém.
Mesmo à chegada tudo parece quase deserto e posso dizer que na primeira visita fiquei mesmo decepcionado, pensando que ali seria mesmo um deserto na verdadeira acepção da palavra.
Felizmente que me decidi a voltar, para espiolhar o possível e, ver e sentir como era o Lousal agora, desde 1988.
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Felizmente que, depois de não ser possível continuar a laboração nas minas por motivos óbvios, políticos e de rentabilidade impossível , a Fundação Velge decidiu fazer com grande esforço, com que as memórias desta gente depois de tantos anos de árduo trabalho, fossem salvaguardadas e mostradas a todos quantos podem apreciar aquilo que foi e é um sitio onde a vida era tão dura... Hoje pode-se calmamente sentir isso, a calma agreste deste lugar convida a reflectir e penso que se sai daqui depois de um dia bem passado, mais sabedor e mais feliz...
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Se não tivessem existido as minas não se falaria nunca num pequeno povoado de nome Louzal , hoje Lousal . Desde a segunda metade do século XIX que se sabe de memórias de vária ordem que assinalam a existência de interesse na extracção de pirites e mais tarde também volfrâmio, cobre, etc., nestas localidades. Ao longo dos tempos, vários detentores do direito de exploração, passaram por aqui, com influência numa melhor ou menos conseguida actividade mineira.
Isto reflectia-se na qualidade de vida das gentes que aqui laboravam. Afirma-se que nos últimos tempos seria talvez o melhor para aqueles que tal como toupeiras, diariamente subiam e desciam aqueles poços que chegariam a estar a um nível de mais de 500 metros de "fundo".
Também nestes últimos tempos, as condições de trabalho seriam melhoradas com o aparecimento de alguns instrumentos mecanizado, que permitiriam um trabalho menos árduo por parte dos mineiros.
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Ao longo do tempo e até 1988, data em que encerrou a sua actividade, diz-se que, apesar de tudo, da vida dura e difícil que é sempre a do mineiro, das diferentes épocas com várias e distintas administrações, e dentro do possível era interessante verificar que, os residentes no Lousal não precisavam de se deslocar a outro lugar pelo simples e relevante facto, tudo existia no Lousal que fizesse falta ao normal funcionamento duma comunidade. Haveria tudo inclusive em termos de passatempos. Havia festas que eram muito concorridas e vividas por grande número de forasteiros. Havia equipa de futebol local e tudo parece que estava bem organizado.
Por ironia do destino, porque sobretudo já não era viável a continuidade em funcionamento das minas, por não ser mais possível a sua rentabilização, então o fim estava à vista. E aconteceu em 1988.
A partir dessa data, o descalabro era certo e a decadência estava visto que teria os dias contados.
Muitos lousalenses tiveram que tentar a sorte noutras paragens. Outros continuaram a viver, nesta cada vez mais deserta aldeia, que deve ter uma população próxima de 300 pessoas.
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Felizmente para aqueles que ficaram neste "desterro", a Fundação Frederic Velge pensou que seria um tributo merecido a todos os que durante tantos anos comeram o pão que o diabo amassou, decidiu preservar algo de muito valor para ficar como testemunho para todos poderem ver in loco, na forma de museu, muito bem tratado e em expansão.
Aqui um pequeno pormenor de ferramentas de mineiro, que estão num dos edifícios museu junto às minas.
Mas depois de uma visita a preceito, eu não regressaria a casa sem fazer uma visita ao "armazém central", que é o restaurante mineiro, mesmo ali junto das minas, como deve ser. O lugar onde está a receber as visitas, era de facto o armazém central que fornecia o material para as minas.
Foi recuperado, ficando com os traços originais, e está ali para que possam recarregar as baterias antes do regresso onde podem saborear uma boa sopa do mineiro e outros petiscos da região.
Uma particularidade peculiar, se a sua visita coincidir com sábados, domingos ou feriados, durante o almoço poderá apreciar a companhia do grupo mineiro do Lousal , que vos cantará algumas belas canções que eram cantadas por todos os mineiros.
Aqui, um pormenor da antiga central eléctrica da mina vs Louzal. Pode ver-se a sua preservação cuidadosa, para que todos possam visitar e apreciar sobretudo a "alta" tecnologia que existia nesse tempo e, estava aqui, no Lousal...
Quando mudamos de ares ou seja, se por um ou alguns dias deixamos o sítio onde vivemos e vamos para outro lugar com o intuito de passar uns dias talvez de férias só o facto disso mesmo, a mudança de ares, faz com que nos sintamos bem melhor, o ritmo de vida é diferente, o ar também e, por várias razões certo é que parece que as coisas começam a tornar a vida mais agradável.
Até ver claro...
Pois o que sempre acontece é assim... Mas quando regressei no inicio desta semana, bem disposto, para começar uma nova fase das nossas lides diárias, fiquei com umas grandes ventas ao ligar a televisão, já tarde, e ao ver uns sebentos, feios que nem porcos, aos berros e a dizer mal uns dos outros, é que me lembrei que estávamos algures a contas com eleições. Pôrra , sempre a mesma merda ", todos aos berros, todos tão sérios, todos a prometer um mundo melhor e, o resto já é velho, dentro de pouco já se sabe que um fez mais umas falcatruas, o outro meteu uns euros a mais nas contas pessoais e outro arranjou mais um monte de assessores, pôrra tanto trabalham estes gajos e o resultado é, o tacho é bom mas não é para todos o comerem...
Então, para não serem porcos sem remédio, lembrei-me de fazer uma singelo homenagem aos outros porquinhos, os de duas patas, que deveriam também ser contemplados, já que os de duas patas é só mordomias, só gostos e luxos extravagantes e o "Zé", o povinho que se f ... .
Tive que visitar a casa duma comunidade de porquinhos de quatro patas e escolhi uma música popular alentejana para adornar os bonecos. Gostei muito desta letra e juntei-a aos porquinhos...
E aproveito para desejar a todos um bom fim de semana, cheio de saúde e tudo de bom.
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E se puderem e quiserem , façam como eu, vão dar uma voltinha a um lugar calmo como este, pelo menos por uns dias esquecem a desgraça desta aldeia de malandros...
E passem muito bem com boa saúde.
No "caminho" sob as estrelas...
A partir de hoje e até ao dia 31 de Outubro p. f., após a inauguração oficial feita pelo Presidente da República, está à disposição de quem quiser visitar, uma bela exposição no "caminho sob as estrelas", onde podemos apreciar segundo dizem, obras de grande valor daqui de Santiago bem como muitas outras vindas da Galiza, que esteve representada pelo alcaide de Santiago de Compostela.
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